O Bureau Político do MPLA exortou hoje os angolanos a honrarem a “memória dos Heróis da Liberdade”, defendendo a paz, democracia e reconciliação nacional, encorajando o líder do partido e Presidente de Angola a prosseguir com as suas políticas.
O comunicado do MPLA que assinala o Dia do Herói Nacional, feriado angolano que comemora o dia do nascimento de Agostinho Neto, primeiro Presidente após a independência de Angola, responsável pelos assassinatos de milhares e milhares de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977, sublinha que o pensamento político-estratégico do nacionalista, médico, assassino e genocida angolano continua “presente e actualizado” servindo de inspiração para as presentes e futuras gerações.
A ser verdade (e tudo indica que o é) que Agostinho Neto serve de inspiração para as presentes e futuras gerações, isso quer dizer que o MPLA – como disse Neto – não deve perder tempo com julgamentos e continuar a ter pronta a estratégia de Maio de 1977?
No mesmo documento, o Bureau Político do MPLA (partido que está no Poder há 46 anos) exorta os angolanos “a honrarem patrioticamente a memória dos Heróis da Liberdade” e defender “intransigentemente a Paz, a Democracia e a Unidade e Reconciliação Nacional”.
O órgão do partido encoraja igualmente o Presidente do MPLA, João Lourenço, bem como o Presidente da República, João Lourenço, e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, a prosseguir com as medidas de políticas que visam a diversificação da economia nacional (nem que para isso tenha de ter quatro ministros da economia em… quatro anos), o aumento da produção interna de bens e serviços (nem que para isso mantenha os 20 milhões de pobres), a diversificação das fontes de receitas e o fortalecimento do tecido empresarial angolano (mesmo que os roubos comecem dentro da sua Casa de Segurança), bem como no caminho da satisfação das necessidades básicas da população, com o aumento dos pontos onde os angolanos podem recolher alimentos de forma gratuita – as lixeiras.
“Finalmente, o Bureau Político do MPLA convida todas as forças vivas da Nação no sentido de continuarem a apoiar o Presidente João Lourenço no combate à corrupção, à impunidade, aos descaminhos de bens públicos e ao desperdício”, mesmo quando o país sabe que João Lourenço viu roubar, participou no roubo, beneficiou do roubo mas – é claro – não é ladrão.
Entretanto, segundo a ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, uma perita na matéria, António Agostinho Neto, representa o maior símbolo da liberdade e da luta pela autodeterminação de Angola.
A ministra de Estado para Área Social que falava no acto central das comemorações do 99 aniversário de Agostinho Neto, referiu que o fundador na Nação do MPLA se encontra além dos partidos políticos, porque representa o todo nacional, uma figura que cada angolano de bem se deve rever.
“Neto é também símbolo e expoente da cultura angolana, pelo que nele se devem rever as novas gerações de angolanos, de modo a que se saiba reforçar a identidade nacional e preservar a genuína idiossincrasia de todos nos mais diversos domínios”, destacou.
Carolina Cerqueira lembrou que foi no Cuando Cubango que, com as batalhas do Cuito Cuanavale e a vitória sobre o então exército racista sul-africano, foram criadas as premissas para a independência da Namíbia, para o fim do regime do apartheid e mudanças profundas na África do Sul e para a libertação Austral, factores que contribuíram para o desenvolvimento de Angola e dos países da região.
Segundo a ministra de Estado, passados 40 anos, hoje a profecia de Neto continua a ser uma preocupação do Executivo expressa nos esforços para a pacificação da região dos Grandes Lagos e da África em geral.
Tal como Hitler, mentir, mentir sempre
A rapaziada dirigente do MPLA (na sua maioria sipaios cobardes que estão sempre de acordo com o chefe, mesmo quando este lhes chama matumbos.) continua a não tomar a medicação correcta para a sua crónica megalomania fantasista, ou anda a fumar coisas estranhas. E continua a temer a revelação de toda a verdade que eles conhecem mas que sempre negaram. Indiferentes aos 20 milhões de pobres, têm sempre pronta a fanfarra, os palhaços e os restantes bobos da corte para enaltecer o que chamam de “Memorial sobre a Vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, província do Cuando Cubango”, em homenagem – dizem – à bravura dos seus heróis de 1988, sem esquecer (é claro) os seus também heróis dos massacres de 27 de Maio de 1977.
Este Memorial, tal como foi concebido e idolatrado pelos mercenários do MPLA, mais não é do que uma (mais uma) enorme mentira do regime do MPLA, subscrita servil e cobardemente por João Lourenço e restantes marimbondos e, ou, caranguejos que, assim, continuam a tentar reescrever a história.
Segundo o insuspeito órgão oficial de propaganda do regime, o Jornal de Angola (a versão mais Pravda do que o Pravda), “um imponente edifício de aproximadamente 35 metros de altura, sob a forma de pirâmide, erguido de raiz logo à entrada da sede municipal do Cuito Cuanavale, com a denominação de “Monumento Histórico”, é sem margem de dúvidas a maior dádiva do Governo angolano para honrar a memória de todos aqueles que lutaram para defender aquela localidade da ocupação sul-africana”.
Não se sabe, embora eles saibam, onde é que o regime do MPLA (por sinal no poder desde 1975) quis e quer chegar ao construir monumentos que enaltecem o contributo dos angolanos que consideram de primeira (todos os que são do MPLA) e, é claro, amesquinham todos os outros.
Talvez fosse oportuno, e aí sim verdadeiro, construir um monumento aos milhares e milhares de vítimas do massacre que o MPLA levou a cabo no dia 27 de Maio de 1977, com o inigualável contributo e comando do genocida Agostinho Neto. Ou fazer uma adenda à versão que o MPLA escreve sobre a batalha do Cuito Cuanavale, dizendo que Agostinho Neto comandou as FAPLA nessa batalha ou, ainda, dizendo que ou os angolanos aceitam a verdade do MPLA ou os massacres do 27 de Maio podem repetir-se (e podem mesmo).
Importa, contudo, desmistificar as teses oficiais que não têm suporte histórico, militar, social ou qualquer outro, por muito letrados que sejam os mercenários contratados para vender canhangulos como sendo mísseis do tipo intercontinentais idealizados pelo patrão da Polícia do MPLA, Paulo de Almeida. Apenas têm um objectivo: idolatrar uma mentira na esperança de que ela, um dia, seja vista como verdade.
De acordo com o pasquim oficial do MPLA, “logo à entrada do pátio do monumento histórico, o visitante tem como cartão de visita uma gigantesca estátua de dois soldados, sendo um combatente das ex-FAPLA e outro cubano, com os punhos erguidos em sinal de vitória no fim dos combates da já conhecida, nos quatro cantos do mundo, “Batalha do Cuito Cuanavale”.
Não está mal. A (re)conciliação nacional não se solidifica glorificando apenas e só os angolanos de primeira (MPLA/FAPLA) e os seus amigos, os cubanos e russos. Mas, também é verdade, que o regime angolano está-se nas tintas para os angolanos de segunda (afectos à UNITA ou simplesmente distantes do MPLA). Até um dia, como é óbvio.
Dizia o Pravda que a batalha do Cuito Cuanavale terminou “com uma retumbante vitória das FAPLA e das FARC (Forças Armadas Revolucionárias de Cuba)”.
Importa por isso, ontem como hoje e amanhã, perceber o que leva o MPLA a comemorar esta batalha.
Visivelmente, o regime continua a ter medo da verdade e aposta na criação de focos de tensão na sociedade angolana, eventualmente com o objectivo de levar acabo uma das suas especialidades: massacres gerais (tipo 27 de Maio de 1977) ou selectivos como em Junho de 1994, quando a aviação do regime destruiu a Escola de Waku Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e professores, ou quando entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, bombardeou indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.
Sabendo que a UNITA considera ter vencido essa batalha, comemorá-la como se fosse uma vitória das forças do MPLA, russas e cubanas visa provocar a UNITA, para além de ser um atentado contra a verdade dos factos.
Além disso, começa a ser hábito do MPLA, tentar adaptar a História às suas necessidades. Se alterar a História resultou parcialmente no passado, com a globalização e os trabalhos científicos que vão surgindo, não funciona. O regime ainda não aprendeu. Continua a seguir a máxima nazi de que se insistir mil vezes numa mentira ela pode ser vista como uma verdade. Mas não funciona.
A batalha do Cuito Cuanavale começou em Setembro de 1987, com uma ofensiva das forças coligadas FAPLA/russos/cubanos tentando chegar à Jamba. Um exército poderosamente armado, com centenas de blindados e tanques pesados, artilharia auto-transportada e outra, apoiado por helicópteros e aviões avançaram a partir de Menongue.
Depois da batalha, o General França Ndalu, veio dizer a um jornalista que o objectivo não era esse, mas sim cortar o apoio logístico à UNITA. O que é visivelmente uma fraca, fraquinha, desculpa, porque o apoio logístico era feito de sul e do leste para a Jamba e nunca entre o Cuito Canavale e o rio Lomba.
Pela frente a coligação comunista encontrou a artilharia e a infantaria da UNITA (FALA), organizada em batalhões regulares e de guerrilha, apoiados por artilharia pesada das forças sul-africanas. Com o avolumar da ofensiva, a África do Sul colocou na batalha mais infantaria, blindados e helicópteros.
A batalha durou mais ou menos seis meses. As forças FAPLA/russos/cubanos, com dezenas de milhares de homens na ofensiva, não conseguiram passar do Cuito Cuanavale.
Segundo os analistas imparciais, as perdas dos dois lados foram as seguintes:
Do lado UNITA/África do Sul – 230 militares da UNITA, 31 sul-africanos, 3 tanques, 5 veículos, 3 aviões de observação.
Do lado FAPLA/russos/cubanos – 4.600 homens (dos quais não se sabe quantos foram russos, cubanos ou soldados das FAPLA, mas segundo os arquivos russos, já consultáveis, as perdas russas nesta batalha poderão ultrapassar a centena), 94 tanques, 100 veículos e 9 Migs.
A batalha acabou em Março de 1988 com a retirada das forças FAPLA/russos/cubanos para Menongue.
As consequências foram diversas. O exército cubano aceitou retirar-se de Angola. A África do Sul aceitou que a Namíbia ascenda à independência, desde que os seus interesses económicos não fossem tocados, que a Namíbia continuasse dentro da união aduaneira com a RAS e que o porto de Walbis Bay (o único da Namíbia) continuasse a ser administrado pela RAS.
O MPLA aceitou finalmente entrar em negociações com a UNITA (o que viria a acontecer em Portugal), aceitou o pluripartidarismo, aceitou eleições.
E a UNITA, o que teve de ceder? Nada. Os seus bastiões continuaram intocados, nenhuma linha logística foi tocada, o seu exército não teve perdas, em homens e material, significativas.
Mais ou menos um ano mais tarde, e já na mesa das negociações, o MPLA tentou uma segunda ofensiva, de novo com milhares de homens, tanques, veículos, helicópteros e aviões. Foi a chamada operação “Último Assalto”, e mais uma vez foi derrotado, desta vez sem os sul-africanos estarem presentes.
Em resumo, se houve vencedores, não foram as forças do MPLA e os seus aliados. Então o que comemora o MPLA? Nada a não ser o que a sua propaganda inventa.
Em 2016, o ministro da Defesa, João Lourenço, homenageou o povo cubano no “Triângulo de Tumpo”, província de Cuando Cubango, pela sua permanente solidariedade e contribuição na vitória de Cuito Cuanavale.
“Agradeço em nome de todo o povo angolano ao povo cubano, pois nos momentos mais difíceis esteve sempre, ombro a ombro, com o povo angolano”, disse João Lourenço.
João Lourenço, hoje Presidente (não nominalmenteeleito) da República, destacou a participação dos internacionalistas cubanos nas principais batalhas travadas no país, acrescentando que o povo cubano esteve na luta pela independência e defesa da soberania nacional, que lhe conferiu o direito natural de ser parte do diálogo quadripartido até aos acordos de Nova Iorque.
Ou seja, o Presidente da República mudou, mas a filosofia da mentira continua a ser a grande máxima do regime. É caso para dizer que podem mudar as moscas mas que tudo o resto fica na mesma.